Olá,
pessoal!
No marco dos 70 anos da Bomba Atômica, um brado pela amizade e
paz.Boa leitura
Tsuru é uma ave, espécie da família dos grous (cegonhas), nativa
do Japão. Coloridas assim, essas tranças de dobraduras de tsurus
movimentam corações e mentes há seis décadas, desde que o sonho de uma garota
lançou luz à capacidade humana pela Paz. “Eu
escreverei paz em suas asas e você voará o mundo inteiro”. Era esse o
pensamento de Sadako Sasaki, que aos 12 anos morreu de leucemia, dez anos após
a explosão da bomba atômica em Hiroshima, onde vivia com a família.
Enquanto estava no hospital, seus amigos do colégio e do esporte
que praticava decidiram dobrar pássaros e oferecer, como símbolo da amizade e
do desejo que se restabelecesse. Uma lenda antiga dizia: dobre mil tsurus e
terá seu desejo realizado. No início Sadako acredita que poderia viver, mas aos
poucos sua doença foi avançando. Vendo o carinho dos amigos, passou a dobrar
também, agora não pedindo mais para si, mas para as crianças e jovens do mundo.
Paz!
Antes de chegar aos 700 tsurus, Sadako faleceu. Os amigos
uniram-se e completaram a milésima peça, colorindo a porta do Hospital. A
partir desse episódio, todos os anos escolas e moradores dessas cidades
devastadas marcam sua ação para lançar luz à escuridão da intolerância, na
proteção à vida humana.
Sadako, a garota símbolo de Hiroshima, é retratada no alto da
estátua das crianças da Bomba Atômica, junto de seu pássaro. É impossível estar
ali e não se emocionar, como se estivesse conclamando para que quem por ali
passar, também possa dobrar o seu próprio tsuru, romper barreiras da apatia e gerar
sua onda de paz. Foi assim que senti, quando estive no Memorial de Hiroshima e
não me afastei até hoje desse propósito, nem da reflexão e ação para fazer a
minha parte.
E neste post de hoje quero falar da amizade, esse sentimento que
constrói a alma, ameniza a dor e fortalece nossa existência. Fico imaginando os
amigos de Sadako, com sua generosidade e compaixão.
Ao mesmo tempo, olho para nossa realidade desse Brasil de culturas
e diversidades espetaculares. Sim, temos jovens que se dispõem a sentir a dor
do outro, mas ainda há os que se alegram, chegam a comemorar, as agregações que
levaram à morte um garoto de 17 anos, no Sul do país.
As reportagens trazem para nossos lares, e me vi assistindo a
gravação do pai do jovem Ronei, que estava junto no momento e nada pode fazer.
Quanta dor. Na saída da festa promovida pelo jovem para arrecadar fundos para a
formatura do colégio, o carro em que o pai dirigia e estavam dois ouros colegas
foi cercado. Atacado com garrafas cortadas morreu sem chance de se defender.
Motivo: qualquer um, banal e comum. E injustificável. A família, que se
deslocou dos grandes centros para fugir da violência se viu atingida em sua dor
maior, perder o filho único, por nada.
Parece um fato longe e isolado, mas a intolerância, a violência,
são só algumas das doenças do século, que insistem em afetar a dignidade
humana. Tenho um filho de 19 anos, mais de uma dezena de sobrinhos, uma delas
com apenas um mês. Então, me coloco no lugar do pai de Ronei e de outros pais e
mães, que perdem seus filhos por nada. Entre tristeza e comoção, reforço um
compromisso assumido dentro da filosofia que abracei, a Soka Gakkai, de
expandir a rede humanista pela Paz, por meio da sensibilização de um a um. Sim,
trabalho de formiguinha, mas somos a Família Soka e por isso sei que muitos
tsurus estão sendo dobrados agora, aqui e ali.
Escrever a paz é dar asas à cidadania jovem, que estimule a ação
social destituída de fama e glória. De um pra um, construir uma sociedade justa
para todos. "Bradar contra a guerra e as armas nucleares não é uma ação
fundamentada no sentimentalismo nem na autopiedade. É a expressão mais elevada
da razão humana com base na percepção resoluta da dignidade da vida. Para
enfrentar a terrível realidade da proliferação nuclear, precisamos estimular o
poder da esperança nas profundezas da vida de cada pessoa. Esse é o poder capaz
de transformar até mesmo a realidade mais intratável. Para emergir da sombra
das armas nucleares precisamos de uma revolução na consciência de inúmeros
indivíduos — uma revolução que dê surgimento à crença de que “há algo que eu
posso fazer”. Então, finalmente, veremos os povos do mundo unidos e ouviremos
suas vozes, seu brado comum pelo fim dessa terrível loucura de
destruição." (Daisaku Ikeda, The Japan Times).
Há
outras bombas a serem desarmadas! Assim como gravado na base do Monumento em
Hiroshima "Este é nosso grito, Esta é nossa oração:PAZ NO MUNDO"Dobre
também seu tsuru e dê asas à sua revolução humana. Compartilhe esperança! –
Gleice Carvalho, jornalista